Tanto o metal quanto o punk nasceram dentro do
rock. São variações “estilísticas” do
rock - que pode ser compreendido a
princípio como “um gênero de música pelo qual se estabelece um limite de confronto
com os padrões sonoros convencionais (...). O que significa dizer que o rock
tem muito a ver com rebeldia.[1] De
fato, historicamente o rock foi amplamente
reconhecido como a expressão musical da revolução de costumes da contracultura dos anos 60. A associação
quase automática entre este tipo de música e “turbulência social faz parte hoje do imaginário popular como um
entendimento definitivo de que os artistas da época eram militantes da revolução. É claro que esse tipo de percepção
coletiva não se articula gratuitamente. A experimentação com novas tecnologias,
sonoridades e letras de comentário ou incitamento à rebelião garantiu ao rock
seu lugar na história como linha auxiliar dos movimentos sociais que confrontavam o establishment”.[2] (grifos nossos).
Segundo Silva: “por
não compactuar com as regras sociais estabelecidas e valorizar elementos
reprimidos ou condenados pela sociedade em que está, o heavy metal, enquanto fenômeno cultural, estabelece um ideia de
exclusão voluntária, colocando-se à margem do dito mundo respeitável (...) há a busca de uma forma de ruptura ou
transcendência para criar um espaço, mesmo que imaginário, onde os membros
dessa comunidade se sintam mais confortáveis e com valores com os quais seus
integrantes comunguem”. [3]
Embora a sonoridade peculiar, expressa
na sensação de “peso”, seja o seu principal aspecto distintivo, “o heavy metal
não se restringe à dimensão musical. Weinstein (2000) identificou que além do
fator sonoro, o heavy metal conta com um código próprio que também contempla
instâncias visual e verbal partilhada por seus apreciadores.”[4]
Isto significa dizer que o rock é mais
do que um gênero musical. O rock é um fenômeno cultural que envolve várias
dimensões do comportamento, abarcando todos os aspectos da vida. É nesta perspectiva mais ampla que a realização
do FESTIVAL DE PUNK & METAL DA USFJ é uma excelente oportunidade cultural e social de estabelecimento de articulações diversas, troca
de informações e a difusão democrática dos conhecimentos ligados ao universo do
metal e do punk.
O Festival é um evento
gratuito organizado em uma equipe de base totalmente voluntária. É um ambiente plural
e diverso que abriga sem preconceitos e discriminações estilos musicais diferentes
como trash metal, crossover, punk,
hardcore, d-beat, entre outros.
Conta na sua organização geral com os professores da UFSJ: Cláudio Alberto (DEACE), Paulo Caetano (DCOMS), Bruno Amarante (DAUAP) e Flávio Schiavoni (DCOMP). Do ponto de vista institucional da UFSJ o evento é diretamente ligado ao Programa Circo Social, Arte de Rua e Movimento. Conta com o precioso apoio do Grupo Transdisciplinar de Pesquisa e Extensão em práticas culturais do Heavy Metal, bem como, do GTRANS – Grupo Transdiciplinar de Pesquisa em Arte e Sustentabilidade (ambos cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq). Além deste professores, conta com a preciosa participação do prof. Dr. Wescley Dinali (do Curso de Pedagogia da UEMG).
Objetivos
Gerais
► Atuar
nas quatro esferas da ação cultural: a) produção ( estimular o processo
criativo das bandas locais e da região no que se refere ao aspecto autoral); b)
distribuição - nas imediações do
prédio do Reuni no CTAN); c) troca - apresentações totalmente gratuitas); d) uso da arte (montagem de bancas com
camisetas, discos, livros sobre estes universos musicais/comportamentais para
ampliar o conhecimento de suas histórias);
► Contribuir para que as pessoas de uma forma
geral tenham acesso a sonoridades e
percepções do mundo não hegemônicas nos meios de comunicação de massa, numa
perspectiva de valorizar a diferença, a variedade e a multiplicidade;
► Combater os preconceitos e discriminações
diversas que cercam estes estilos musicais e impedem sua compreensão (“ouvidos
livres”);
►
Sintonizar a extensão universitária com o “conhecimento pluriversitário” (no que
tem de abertura, consciência da complexidade, redução de assimetrias e
compartilhamento, para citar alguns aspectos). [5]
Objetivos
Específicos
·
·
estimular
a troca de informações e a difusão de conhecimentos entre os interessades;
·
contribuir
para a ampliação e diversificação dos trabalhos e estudos sobre os universos do
metal e do punk;
·
trazer
bandas da cidade região para intercâmbio cultural e artístico;
·
dar
maior visibilidade à produção artística dos professores e alunes da UFSJ envolvidos nas bandas locais
·
acionar
um processo de extensão universitária em que os envolvides experimentem o
exercício da imaginação, da criatividade e das linguagens cênicas.
·
estabelecer
relacionamentos e trabalhos conjuntos entre acadêmicos e pesquisadores de
cursos da UFSJ e de outras universidades como a UEMG.
[1] CORRÊA, Tupã G. Rock – nos passos da moda. Campinas:
Papirus, 1989. p.224
[2] MERHEB, Rodrigo. O som da revolução – uma história
cultural do rock , 1965-1969. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. p.14.
[3] SILVA, Jaime
Luis da. O heavy metal na revista Rock Brigade: aproximações entre jornalismo musical e produção de identidade. Universidade
Federal do Rio Grande do. Porto Alegre: 2008. (Dissertação de Mestrado). p. 21
[4] Idem, p. 16.
[5] FILHO, Naomar de Almeida. A Universidade no Século XXI: Para uma Universidade Nova. Coimbra, 2008
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