segunda-feira, 3 de abril de 2023

Festival de Punk e Metal da UFSJ

Tanto  o metal quanto o punk nasceram dentro do rock.  São variações “estilísticas” do rock  - que pode ser compreendido a princípio como “um gênero de música pelo qual se estabelece um limite de confronto com os padrões sonoros convencionais (...). O que significa dizer que o rock tem muito a ver com rebeldia.[1]   De fato, historicamente o rock foi amplamente  reconhecido como a expressão musical da revolução de costumes  da contracultura dos anos 60. A associação quase automática entre este tipo de música e “turbulência social faz parte hoje do imaginário popular como um entendimento definitivo de que os artistas da época eram militantes da revolução. É claro que esse tipo de percepção coletiva não se articula gratuitamente. A experimentação com novas tecnologias, sonoridades e letras de comentário ou incitamento à rebelião garantiu ao rock seu lugar na história como linha auxiliar dos movimentos sociais que confrontavam o establishment”.[2]  (grifos nossos).

Segundo  Silva: “por não compactuar com as regras sociais estabelecidas e valorizar elementos reprimidos ou condenados pela sociedade em que está, o heavy metal, enquanto fenômeno cultural, estabelece um ideia de exclusão voluntária, colocando-se à margem do dito mundo respeitável (...)  há a busca de uma forma de ruptura ou transcendência para criar um espaço, mesmo que imaginário, onde os membros dessa comunidade se sintam mais confortáveis e com valores com os quais seus integrantes comunguem”. [3]

Embora a sonoridade peculiar, expressa na sensação de “peso”, seja o seu principal aspecto distintivo, “o heavy metal não se restringe à dimensão musical. Weinstein (2000) identificou que além do fator sonoro, o heavy metal conta com um código próprio que também contempla instâncias visual e verbal partilhada por seus apreciadores.”[4]

Isto significa dizer que o rock é mais do que um gênero musical. O rock é um fenômeno cultural que envolve várias dimensões do comportamento, abarcando todos os aspectos da vida.  É nesta perspectiva mais ampla que a realização do FESTIVAL DE PUNK & METAL DA USFJ é uma excelente oportunidade cultural e social de estabelecimento de articulações diversas, troca de informações e a difusão democrática dos conhecimentos ligados ao universo do metal e do  punk.  

 O Festival é um evento gratuito organizado em uma equipe de base totalmente voluntária. É um ambiente plural e diverso que abriga sem preconceitos e discriminações estilos musicais diferentes como trash metal, crossover, punk, hardcore, d-beat, entre outros.

         Conta na sua organização geral com os professores da UFSJ: Cláudio Alberto (DEACE), Paulo Caetano (DCOMS), Bruno Amarante (DAUAP) e Flávio Schiavoni (DCOMP). Do ponto de vista institucional da UFSJ o evento é diretamente ligado ao Programa Circo Social, Arte de Rua e Movimento.  Conta com o precioso apoio do Grupo Transdisciplinar de Pesquisa e Extensão em práticas culturais do Heavy Metal, bem como, do GTRANS – Grupo Transdiciplinar  de Pesquisa em Arte e Sustentabilidade (ambos cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq). Além deste professores, conta com a preciosa participação do prof. Dr. Wescley Dinali (do Curso de Pedagogia da UEMG). 


 

Objetivos Gerais

 

      ►   Atuar nas quatro esferas da ação cultural: a) produção ( estimular o processo criativo das bandas locais e da região no que se refere ao aspecto autoral); b) distribuição  - nas imediações do prédio do Reuni no CTAN); c) troca  - apresentações totalmente gratuitas);  d) uso da arte (montagem de bancas com camisetas, discos, livros sobre estes universos musicais/comportamentais para ampliar o conhecimento de suas histórias);

        Contribuir para que as pessoas de uma forma geral tenham acesso a sonoridades e percepções do mundo não hegemônicas nos meios de comunicação de massa, numa perspectiva de valorizar a diferença, a variedade e a multiplicidade;

        Combater os preconceitos e discriminações diversas que cercam estes estilos musicais e impedem sua compreensão (“ouvidos livres”);

         Sintonizar a extensão universitária  com o “conhecimento pluriversitário” (no que tem de abertura, consciência da complexidade, redução de assimetrias e compartilhamento, para citar alguns aspectos). [5]

 

Objetivos Específicos

·              Oferecer uma infra-estrutura adequada para o evento.  Isto inclui a aparelhagem  de som (P.A.), iluminação, banheiros, água potável, espaço para convivência;

·              estimular a troca de informações e a difusão de conhecimentos entre os interessades;

·              contribuir para a ampliação e diversificação dos trabalhos e estudos sobre os universos do metal e do punk;

·              trazer bandas da cidade região para intercâmbio cultural e artístico;

·              dar maior visibilidade à produção artística dos professores  e alunes da UFSJ envolvidos nas bandas locais

·         acionar um processo de extensão universitária em que os envolvides experimentem o exercício da imaginação, da criatividade e das linguagens cênicas.

·         estabelecer relacionamentos e trabalhos conjuntos entre acadêmicos e pesquisadores de cursos da UFSJ e de outras universidades como a UEMG.



[1] CORRÊA, Tupã G. Rock – nos passos da moda. Campinas: Papirus, 1989. p.224

[2] MERHEB, Rodrigo. O som da revolução – uma história cultural do rock , 1965-1969. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. p.14.

[3] SILVA, Jaime Luis da.  O heavy metal na revista Rock Brigade: aproximações entre jornalismo musical e produção de identidade. Universidade Federal do Rio Grande do. Porto Alegre: 2008. (Dissertação de Mestrado). p. 21

[4] Idem, p. 16.

[5] FILHO, Naomar de Almeida. A Universidade no Século XXI: Para uma Universidade Nova. Coimbra, 2008 

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